Aspectos Relevantes da Nova Lei Geral de Proteção de Dados e sua Aplicação Prática
No contexto jurídico contemporâneo, a implementação da Lei Geral de Proteção de Dados (Lei nº 13.709/2018), a qual entrou em vigor em setembro de 2020, advém da necessidade de adaptabilidade às exigências de um mundo digital dinâmico e repleto de dados pessoais. O presente artigo busca trazer à luz as nuances práticas dessa legislação, especialmente no que tange a sua aplicabilidade no dia a dia dos operadores do direito.
O Panorama Legal da Proteção de Dados
A Lei Geral de Proteção de Dados se fundamenta em diversos princípios que visam garantir a privacidade e a segurança das informações pessoais. Entre eles, destacam-se:
- Finalidade: os dados devem ser coletados para propósitos legítimos e explícitos.
- Necessidade: a coleta de dados deve se limitar ao mínimo necessário para a realização do objetivo pretendido.
- Transparência: o titular dos dados deve ser facilmente informado sobre o uso dos mesmos.
Em termos processuais, a Lei nº 13.709/2018 é um reflexo das diretrizes propostas pelo Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados da União Europeia (GDPR), estabelecendo um modelo regulatório mais rigoroso para o tratamento de dados pessoais. Os operadores do direito, portanto, precisam estar cientes das implicações legais e éticas que emergem desta nova paisagem regulatória.
Responsabilidade e Consequências da Inobservância
A responsabilidade civil e administrativa em decorrência do descumprimento da Lei Geral de Proteção de Dados é um aspecto crucial a ser considerado pelos profissionais do direito. Segundo o artigo 42 da referida lei, em caso de vazamento ou tratamento inadequado de dados, o controlador poderá ser responsabilizado por danos materiais e morais causados aos titulares. Ademais, as sanções administrativas podem variar desde advertências até multas que podem atingir 2% do faturamento da empresa ou R$ 50.000.000,00, o que for menor, conforme previsto no artigo 52.
Do ponto de vista jurisprudencial, já se observa um aumento crescente no número de litígios relacionados a violações de dados. Recentemente, decisões dos tribunais têm enfatizado que a boa-fé e a diligência na proteção dos dados pessoais são imprescindíveis para mitigar responsabilidades.
O Papel do Advogado na Conformidade Legal
Os advogados devem desempenhar um papel ativo na orientação de empresas e organizações sobre como se adequar às disposições da Lei Geral de Proteção de Dados. Isso inclui:
- Avaliar o fluxo de dados e a coleta de informações sensíveis;
- Implementar políticas de privacidade robustas;
- Conduzir treinamentos regulares para colaboradores sobre boas práticas de proteção de dados.
Ademais, a figura do DPO (Data Protection Officer) surge como um aliado essencial na supervisão da conformidade e na comunicação com as autoridades competentes. O DPO deve ser um profissional qualificado, que possua conhecimento jurídico e técnico sobre proteção de dados.
Considerações Finais
Em suma, a Lei Geral de Proteção de Dados não se limita a ser uma mera exigência regulatória, mas sim uma oportunidade para os advogados e operadores do direito atuarem de forma proativa na proteção dos direitos dos cidadãos. O entendimento profundo das disposições legais e a capacidade de aplicá-las na prática cotidiana são essenciais para assegurar que as entidades não apenas cumpram a legislação, mas que também respeitem os princípios éticos fundamentais na relação com os dados pessoais.
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Assinado, Ana Clara Macedo.