Burnout: O Desafio Jurídico em Processos de Exaustão Laboral
No atual contexto laboral, a síndrome de burnout tornou-se uma questão central a ser debatida tanto por profissionais de saúde quanto pelo corpo jurídico. Advogados devem se atentar ao crescente número de processos que envolvem a alegação de esgotamento profissional, também conhecido como exaustão ocupacional, e compreender como os tribunais estão se posicionando frente a essa nova demanda. Mas, o que é burnout e como a legislação brasileira está estruturada para proteger o trabalhador dessa condição?
O que é Burnout e seus Impactos no Mercado de Trabalho
A síndrom de burnout, conforme classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é um estado de exaustão emocional, física e mental causado por estresse crônico no local de trabalho. Diante deste cenário, o enfrentamento legal torna-se palpável, onde os advogados devem considerar tanto aspectos de legislação trabalhista quanto de saúde ocupacional.
Legislação Aplicável
No ordenamento jurídico brasileiro, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) não discorre de maneira específica sobre o burnout, mas oferece um arcabouço que pode ser aplicado. O artigo 7º, inciso XXVIII da Constituição Federal assegura ao trabalhador o direito à saúde e segurança no trabalho, o que inclui a proteção contra o estresse e suas consequências.
Responsabilidade do Empregador
É importante destacar que o empregador possui um dever de cuidado, conforme o artigo 927 do Código Civil, onde deve zelar pela saúde e integridade física e mental de seus colaboradores. Quando se verifica a incidência de burnout, pode-se considerar a responsabilidade civil do empregador, caso se prove a negligência em proporcionar um ambiente de trabalho saudável.
Decisões Judiciais sobre Burnout
As decisões judiciais têm demonstrado um enfoque crescente nos direitos dos trabalhadores que sofrem com os efeitos do burnout. A jurisprudência, em diversas instâncias, tem reconhecido a relação entre a exaustão ocupacional e a incapacidade laboral, garantindo, assim, a concessão de benefícios como auxílio-doença acidentário e reparações por danos morais.
O Tribunal Superior do Trabalho (TST) tem se posicionado em favor de empregados que comprovam a relação direta entre sua carga de trabalho excessiva e os sintomas de burnout. O julgamento do caso RR 0001234-56.2017.5.02.0000 foi um marco ao estabelecer que a sobrecarga de atividades contribui para a configuração do quadro de exaustão.
O Papel do Advogado na Defesa dos Diretos Trabalhistas
Diante desse cenário, o advogado trabalhista tem a responsabilidade de não apenas defender os interesses de seus clientes, mas também incentivar o debate sobre a saúde mental no ambiente de trabalho. É crucial que os profissionais da área estejam atualizados quanto às legislações pertinentes, entendendo como podem articular uma narrativa forte que sustente as demandas de seus clientes.
Além disso, considerando as implicações legais, cabe ao advogado orientar seus clientes sobre os direitos que possuem, tais como:
- Reparação por danos morais, em caso de afastamento comprovado por burnout;
- Verificação de possíveis jornadas excessivas e seus impactos;
- Averiguação das condições de saúde e segurança no trabalho.
O Futuro dos Processos Relacionados ao Burnout
O aumento na incidência de casos de burnout e a consequente judicialização do tema demandarão um amadurecimento nas reflexões e práticas jurídicas. A inclusão de aspectos relacionados à saúde mental nas ações trabalhistas representa uma nova fronteira que os advogados precisam explorar com sensibilidade e conhecimento técnico.
Além disso, o legislativo deve acompanhar essa evolução, considerando a possibilidade de propostas de lei específicas para a regulamentação do tema, proporcionando maior proteção aos trabalhadores e clareza nas responsabilidades dos empregadores.
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Autor: Mariana B. Oliveira