Assessoria Jurídica em Tempos de Inteligência Artificial: Desafios Frente à Alucinação de Dados
A ascensão da inteligência artificial generativa transforma a realidade em que os profissionais do Direito atuam. Contudo, a facilidade com que esses sistemas podem “alucinar”, ou seja, fornecer informações imprecisas ou fictícias, traz à tona uma discussão que exige a dedicação dos advogados: como assegurar a precisão e a responsabilidade jurídica em um ambiente onde a máquina, aparentemente, toma decisões por meio de algoritmos complexos?
A Alucinação da IA: Conceito e Implicações Jurídicas
A alucinação, no contexto da inteligência artificial, refere-se à capacidade dos sistemas de gerar respostas que, apesar de críveis, são errôneas. Esse fenômeno, frequentemente ignorado por usuários não técnicos, desencadeia preocupações significativas na prática jurídica. Se o advogado se baseia em informações geradas por um sistema que apresenta um elevado risco de erro, como garantir a integridade de sua atuação profissional?
Responsabilidade Legal e Ética
De acordo com o Código de Ética e Disciplina da OAB (Resolução nº 02/2015), cabe ao advogado zelar pela verdade material dos fatos. O artigo 2º do Código estabelece que os advogados devem agir com diligência e prudência. Assim, um advogado que consulta uma IA generativa precisa, antes de tudo, criticar e verificar a veracidade das informações fornecidas, evitando assim a difusão de informações falsas durante seu exercício profissional.
Possíveis Consequências para o Advogado
Além da responsabilidade ética, surgem também questões de responsabilidade civil e criminal. O artigo 186 do Código Civil Brasileiro estipula que aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, é obrigado a repará-lo. Portanto, se um advogado utilizar informações distorcidas provenientes de uma IA e causar prejuízos a um cliente, ele poderá ser responsabilizado por danos, o que poderia gerar consequências desastrosas para sua carreira e reputação.
O Papel da Legislação e Jurisprudência
Atualmente, a legislação sobre o uso de inteligência artificial ainda está em fase de desenvolvimento. Projetos, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), impõem limites e diretrizes sobre o uso e tratamento de dados pessoais, visando proteger a privacidade do cidadão. Contudo, a incorporação da IA em práticas jurídicas demanda uma regulamentação que garantam não apenas a conformidade legal, mas também a ética no trato com as informações.
Entre as discussões legais contemporâneas, destaca-se a jurisprudência que tem se posicionado sobre a responsabilidade de provedores de serviços online na reprodução de conteúdos, configurando um alerta sobre o papel de advogados que utilizam ferramentas de inteligência artificial no aconselhamento jurídico.
Desenvolvimentos Futuros e Acompanhamento Necessário
Os avanços tecnológicos são inevitáveis, e a adaptação da advocacia a esse novo cenário é imperativa. É fundamental que os profissionais do Direito se mantenham atualizados sobre as inovações e os debates acerca da inteligência artificial. Cursos, seminários e treinamentos devem ser prioritários na agenda dos advogados, garantindo não apenas a atualização técnica, mas também o compromisso ético na prática da profissão.
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Autor: Ana Clara Macedo