Análise das Implicações Jurídicas do Relatório da ONU sobre Desastres Naturais no Rio Grande do Sul
O recente relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre desastres naturais acende uma luz sobre a importância da prevenção e mitigação de riscos, especialmente no que se refere ao Rio Grande do Sul, um estado frequentemente afetado por eventos climáticos extremos. Mas, qual é o papel do advogado neste contexto? Como podemos interpretar as diretrizes da ONU à luz da legislação brasileira e as obrigações jurídicas que emergem desse cenário?
O Contexto do Relatório da ONU
No relatório de março de 2025, a ONU destaca a crescente frequência e intensidade dos desastres naturais, correlacionando-os diretamente às mudanças climáticas. Esses dados servem não apenas como um alerta para gestores públicos, mas também como uma plataforma de ação para a advocacia, que deve estar atenta às implicações legais que surgem a partir de tais eventos.
A Resolução 42/7 de 1998 da ONU menciona a necessidade de esforços coordenados entre governos, defensorias e o setor privado para garantir a segurança e a proteção da população. A partir dessa diretriz, o advogado emerge como um agente essencial na formulação de políticas públicas, orientando a aplicação da legislação pertinentes.
Responsabilidade Civil e Prevenção de Riscos
À luz do Código Civil Brasileiro, em seu Artigo 927, é fundamental que as entidades públicas e privadas adotem medidas preventivas para evitar danos causados por desastres. A falta de ação adequada pode resultar em responsabilização, conforme delineado no mesmo artigo:
- As pessoas que causarem danos a outrem, por ato ilícito, ficam obrigadas a repará-los.
- O dever de indenizar é também aplicável àqueles que não adotam as devidas precauções para evitar prejuízos decorrentes de desastres naturais.
Portanto, a advocacia deve trabalhar em colaboração com órgãos de defesa civil e gestores de riscos para assegurar que as legislações específicas, como a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (Lei n° 12.608/2012), sejam rigorosamente implementadas.
Jurisprudência e seu Papel na Mitigação de Danos
A jurisprudência brasileira tem se manifestado de forma consistente acerca das responsabilidades associadas a desastres naturais. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) já tem se posicionado no sentido de que a omissão na adoção de políticas preventivas por parte do poder público configura negligência, sendo passível de indenização. Assim, os advogados têm um papel ativo em acionar a justiça em favor de vítimas que sofrem danos devido à inação estatal.
Além disso, é crucial que o advogado familiarize-se com instrumentos de gestão de risco, como o seguro contra desastres naturais, que pode oferecer uma rede de proteção adicional para seus clientes. A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei nº 4.657/1942) prevê que a função social da propriedade deve ser observada, trazendo à tona a responsabilidade do proprietário em manter a segurança dos seus bens e da coletividade.
Preparação e Capacitação da Advocacia
Diante desse cenário, a capacitação contínua dos advogados é imprescindível. Programas de formação em direito ambiental e gestão de desastres devem ser priorizados para que os profissionais possam atuar de maneira eficaz. Essa preparação não apenas aborda as legislações pertinentes, mas também enfatiza a necessidade de atuação proativa na defesa dos direitos da população afetada e estratégias de aconselhamento jurídico que minimizem impactos futuros.
O papel do advogado é, portanto, multidimensional e essencial para o fortalecimento da resposta a desastres naturais. É fundamental que a profissão esteja mobilizada e alinhada às diretrizes internacionais e nacionais, promovendo um ambiente mais seguro e preparado para os desafios impostos pelo clima.
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Autor: Eduardo Ribeiro