Troca de Peça em Notebook Gera Condenação por Estelionato
Na recente decisão da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF), o entendimento a respeito da responsabilização criminal em contextos de prestação de serviços técnicos foi aprofundado. Um técnico de informática foi condenado por estelionato após realizar a substituição indevida de uma peça de notebook, gerando prejuízo à proprietária do equipamento.
O Caso: Violação da Boa-fé e Aproveitamento Fraudulento
Segundo consta dos autos, a consumidora procurou a assistência para conserto do notebook. A peça que apresentava defeito — um módulo de memória RAM — acabou sendo substituída por outra de qualidade inferior, sem seu conhecimento. O técnico, posteriormente, vendeu a original em marketplace, obtendo lucro indevido. A defesa alegou mera falha na comunicação, o que não foi acatado pela Turma Recursal.
Imputação de Crime com Base no Art. 171 do Código Penal
A conduta foi enquadrada como estelionato, conforme o artigo 171 do Código Penal, por caracterizar:
- Indução da vítima em erro;
- Utilização de meio fraudulento;
- Obtenção de vantagem ilícita;
- Prejuízo alheio.
A sentença inicial de absolvição foi reformada em sede recursal, pois ficou comprovado que houve dolo específico do técnico em enganar a cliente.
Perspectiva Jurídica e Entendimento Consolidado
A decisão corrobora a consolidação de jurisprudência que trata da prestação de serviços acompanhada de abuso de confiança, prática comum em serviços técnicos informais. Conforme recentíssimo julgado do STJ, a prestação de serviços deve seguir os princípios da confiança legítima e da informação clara (arts. 6º, III e 14 do CDC).
Precedentes e Indicadores de Repercussão Geral
É relevante mencionar que este tipo de prática tem se tornado indicador de pauta para repercussão geral, na medida em que impacta consumidores em larga escala. O dever de transparência se mostra núcleo comum em várias condenações cíveis e criminais.
Implicações Práticas para Escritórios de Advocacia
Do ponto de vista estratégico, é essencial que advogados observem a possibilidade de litígios semelhantes envolvendo assistência técnica fraudulenta e se atentem à possibilidade de responsabilização não apenas cível, mas também criminal dos prestadores de serviço. A análise detalhada deve considerar:
- Recuperação de danos materiais e morais;
- Indenizações com base na má-fé contratual;
- Acionamento de órgãos de classe e proteção ao consumidor;
- Potencial denúncia criminal articulada ao Ministério Público.
O caso reforça a importância de diligência processual e apoio à vítima desde os primeiros atos de lesão ao direito do consumidor.
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Memória Forense