Responsabilidade dos Tabeliões Interinos nas Ações Penais Tributárias: Questões e Implicações Legais
O recente cenário jurídico em torno da responsabilidade dos tabeliões interinos na não arrecadação do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) tem despertado inquietações significativas na prática advocatícia. À medida que as ações penais tributárias se intensificam no Brasil, é imperativo que advogados compreendam os limites e as obrigações desse cargo, bem como as potenciais repercussões jurídicas decorrentes da inércia no recolhimento desse tributo.
Qual é o Papel do Tabelião Interino em Ações Penais Tributárias?
Os tabeliões, enquanto agentes públicos, desempenham funções de relevância notória, principalmente no que se refere à formalização de atos jurídicos e à arrecadação tributária. Contudo, a interinidade desse cargo levanta um questionamento crítico: até onde vai a responsabilidade do tabelião interino nas ações penais relacionadas à falta de recolhimento do ISSQN?
O artigo 156 do Código Tributário Nacional (CTN) deixa claro que a responsabilidade tributária pode ser atribuída a terceiros, incluindo os servidores públicos encarregados da arrecadação. Portanto, na ausência de um titular regular, os tabeliões interinos tornam-se alvos potenciais em ações que visem a responsabilização por dívidas tributárias não quitadas.
Aspectos Jurídicos a Serem Considerados
- Presunção de Responsabilidade: A jurisprudência se posiciona frequentemente na linha de que os servidores interinos mantêm responsabilidade solidária pela não arrecadação, conforme disposto nas interpretações do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
- Análise da Diligência: É crucial que o tabelião interino demonstre diligência e adote medidas eficazes para evitar a culpa. O descumprimento dessa obrigação pode incorrer em sanções.
- Defesas e Exceções: Há espaço para a arguição de defesa em casos onde a inércia não seja atribuível ao tabelião, como situações de força maior ou falta de orientação específica em razão da interinidade.
Os advogados devem estar atentos à importância de uma assessoria jurídica robusta, tanto para a defesa quanto para a diligência na responsabilidade tributária em ações penais que envolvam tabeliões. A interpretação da legislação e a análise de precedentes são ferramentas fundamentais para a construção de uma defesa sólida.
Jurisprudência e Casos Relevantes
Recentemente, o STJ analisou casos em que tabeliões interinos foram responsabilizados por não recolhimento de tributos, reforçando a ideia de que a interinidade não exonera a obrigação de agir. A jurisprudência tem se manifestado na linha de que:
“A ausência de título definitivo que comprove a quitação do tributo pode implicar na responsabilidade solidária entre os gestores interinos.” (REsp 173.083/PR)
Essa interpretação ressalta a necessidade de que os advogados analisem minuciosamente os documentos e os atos praticados por tabeliões interinos, assegurando respaldo legal para possíveis defesas.
Como Proceder em Casos de Responsabilidade?
Para advogados que lidam com casos envolvendo tabeliões interinos, recomenda-se seguir passos estratégicos:
- Coleta de Provas: Reunir toda a documentação que comprove a diligência do tabelião interino na arrecadação e a comunicação com as entidades responsáveis.
- Assessoria Contábil: Consultar especialistas em direito tributário que possam avaliar a situação fiscal e contribuir para a defesa.
- Capacitação Constante: Manter-se atualizado sobre mudanças legislativas e jurisprudências que possam impactar a responsabilidade tributária, buscando sempre a continuidade da educação profissional.
O cenário jurídico em torno da responsabilidade dos tabeliões interinos é complexo e exige atenção constante por parte dos advogados. Os desafios são grandes, mas a informação adequada e a atuação estratégica podem fazer a diferença na proteção dos interesses de seus clientes.
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Autor: Ana Clara Macedo