Erro em Dispensação de Medicamento Gera Condenação por Dano Moral

Erro em Dispensação de Medicamento Gera Condenação por Dano Moral

Farmácia é condenada por falha na prestação de serviço

O Tribunal de Justiça de São Paulo condenou uma rede de farmácias ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 5 mil a uma consumidora que recebeu medicamento diverso daquele que havia sido prescrito por profissional da saúde. A decisão foi proferida pela 5ª Turma Cível, que entendeu ter havido falha na prestação de serviço com potencial de gerar risco à saúde da autora.

O caso concreto e os fundamentos jurídicos

De acordo com os autos, a consumidora dirigiu-se a uma unidade da farmácia para comprar um medicamento indicado em receita médica. Com o receituário em mãos, o atendente do estabelecimento dispensou uma substância diversa, sem qualquer questionamento ou alerta. Posteriormente, ao iniciar o tratamento, a paciente percebeu reações adversas, sendo necessário buscar assistência médica de urgência.

A sentença de primeiro grau reconheceu a responsabilidade objetiva do fornecedor de serviços, nos termos do artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990), e determinou a compensação por danos morais. O colegiado do TJSP confirmou a decisão, ressaltando que o erro na dispensação de medicamentos representa falha grave na prestação do serviço, independentemente da presença de dolo ou culpa direta.

Análise jurisprudencial sobre erro na medicamentação

O entendimento adotado harmoniza-se com a jurisprudência consolidada nos tribunais superiores. Em julgados recentes, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) firmou posição quanto à responsabilidade das farmácias em assegurar o correto atendimento ao consumidor, especialmente em relação à entrega precisa e segura de medicamentos, considerados produtos essenciais à saúde e à integridade física.

  • REsp 1.586.715/MG – Responsabilidade do fornecedor por erro na dispensação.
  • AgRg no AREsp 1.091.542/SP – Dever de reparação por dano moral em erro de medicação.

Tais decisões orbitam a lógica protetiva do CDC, donde decorre o dever de máxima diligência por parte do fornecedor, sobretudo diante da vulnerabilidade técnica do consumidor.

Reflexos práticos da decisão

Do ponto de vista prático, o julgado reafirma o entendimento de que farmácias e drogarias não estão eximidas de responsabilidade sobre os efeitos da comercialização de insumos farmacêuticos. Ao contrário, têm o dever de estabelecer compliance rigoroso quanto à leitura e cumprimento das receitas médicas, treinamento de seus funcionários, e manutenção de padrões mínimos de segurança na dispensação.

Na visão jurídica, abre-se importante precedente para ações similares, notadamente em contextos onde a cadeia de consumo se mostra fragilizada, e o consumidor sofre prejuízos oriundos de equívocos técnicos que poderiam e deveriam ser evitados.

Principais fundamentos jurídicos aplicáveis

  1. Art. 14 do CDC – Responsabilidade objetiva do fornecedor.
  2. Art. 927 do Código Civil – Obrigação de reparar o dano.
  3. Precedentes do STJ sobre erro na dispensação de medicamentos.

Conclusão

O reconhecimento da falha na dispensação do medicamento e a consequente condenação por danos morais reforçam o papel da responsabilidade civil como instrumento de justiça e pacificação das relações de consumo. Mais do que uma simples indenização, a decisão serve como alerta para o setor farmacêutico: a saúde não tolera imperícia.

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Por Memória Forense

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