General Garnier se Exime de Participação em Tentativa de Golpe: Contradições Emergentes nos Autos
Em novo capítulo de um dos episódios mais sensíveis à ordem constitucional vigente desde a redemocratização brasileira, o General da reserva Marco Antônio Freire Gomes Garnier prestou depoimento que levanta sérias questões jurídicas e institucionais. Em depoimento oficial, prestado em 10 de junho de 2025, Garnier afirmativamente negou ter disponibilizado tropas para ações golpistas durante o conturbado processo eleitoral de 2022, contradizendo declarações anteriores de outros militares envolvidos.
Conflito de Narrativas: Testemunhos em Discrepância
A versão apresentada por Garnier colide frontalmente com depoimentos de oficiais da ativa, inclusive do general Arruda, ex-comandante do Exército. Segundo este, Garnier teria colocado tropas sob prontidão e se colocado à disposição do então presidente da República. A contradição levanta questionamentos sobre a confiabilidade das provas testemunhais e a eventual responsabilização penal por falso testemunho, conforme previsto no art. 342 do Código Penal Brasileiro.
Aspectos Jurídicos Envolvidos
O presente caso envolve potencial violação à Lei de Segurança Nacional (Lei nº 7.170/1983, já revogada, mas considerada por alguns juristas como ainda aplicável subsidiariamente nos termos do art. 2º, §1º da Lei nº 14.197/2021, que altera o Código Penal). Há também a discussão sobre os limites da responsabilidade dos militares durante o estado democrático de direito, conforme previsto na Constituição Federal, art. 142.
- Falso testemunho (CP, art. 342)
- Conspiração contra o Estado Democrático de Direito (CP, art. 359-L e seguintes)
- Responsabilidade institucional pelo emprego das Forças Armadas
Princípios Constitucionais em Xeque
A atuação de membros do alto escalão das Forças Armadas em episódios com potencial desestabilizador toca diretamente na independência entre os Poderes (arts. 2º e 60, §4º da CF) e na preservação dos princípios do Estado Democrático de Direito. O Supremo Tribunal Federal, inclusive, já se manifestou em diversas decisões sobre o papel moderador errado e inconstitucional atribuído às Forças Armadas por alguns setores políticos — vide ADPF 722/DF.
Implicações Práticas para a Advocacia
As revelações em curso apontam para um cenário complexo de responsabilização criminal, improbidade administrativa e potencial abertura de ações civis públicas por violação aos princípios da moralidade e legalidade. Advogados que atuam nas áreas penal e constitucional devem atentar-se à produção de provas, admissibilidade de testemunhos conflitantes e estratégia de atuação diante da imprevisibilidade judicial.
Conclusão da Redação Forense
O depoimento de Garnier acrescenta uma nova camada à apuração dos fatos em torno da tentativa de ruptura institucional. A análise jurídica exige rigor técnico e compreensão ampla dos mecanismos de proteção institucional e seus limites. O papel do advogado, enquanto agente de garantias constitucionais, torna-se ainda mais relevante frente ao avanço de discursos e ações que desafiam a Constituição.
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Por Memória Forense