Brasil e União Europeia estreitam vínculos jurídicos e econômicos
A recente visita do Primeiro-Ministro de Portugal, Luís Montenegro, ao Brasil, em junho de 2025, sinaliza não apenas a reafirmação de laços históricos, mas também o fortalecimento de compromissos institucionais e jurídicos entre Brasil e União Europeia. Em uma cerimônia marcada por simbolismos e discursos diplomáticos, Montenegro foi agraciado com a Ordem do Cruzeiro do Sul, outorgada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Relações bilaterais e alinhamento jurídico
A honraria concedida ao Primeiro-Ministro português transcende o protocolo e representa o reconhecimento do papel que Portugal exerce na mediação e no fomento das relações entre o Brasil e o bloco europeu. O evento marca um momento estratégico para os juristas que acompanham os impactos práticos do Acordo Mercosul-União Europeia, ainda pendente de ratificação formal.
Frente a esse panorama, observa-se relevante implicação no Direito Internacional Econômico, especialmente no que tange ao princípio da reciprocidade e às normas de livre comércio, regidas pela Organização Mundial do Comércio (OMC).
Impactos no setor jurídico e empresarial
O fomento de laços econômicos implica diretamente na produção normativa e regulatória. Com a possível implementação definitiva do Acordo Mercosul-UE, advogados e operadores do Direito deverão atentar-se aos seguintes pontos:
- Revisão de contratos internacionais conforme normas de direito interamericano e comunitário;
- Impacto na Lei nº 12.529/2011 (Lei de Defesa da Concorrência), com crescente relevância para práticas anticoncorrenciais internacionais;
- Complementaridade dos tratados com as legislações locais, com possível aumento da judicialização de disputas comerciais.
A agenda comum entre Brasil e Portugal também incluiu temas como clima, transição energética e defesa da democracia. São pautas que envolvem iniciativas legislativas e tratativas multilaterais com base nos princípios da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (1969).
A diplomacia jurídica como instrumento de integração
Os efeitos jurídicos do encontro extrapolam a relação Brasil-Portugal, em razão da inserção desse elo dentro do contexto euro-latino-americano mais amplo. O papel do Brasil como líder regional ganha fôlego nas negociações com a União Europeia, e os juristas devem considerar:
- A evolução do Direito da Integração Regional;
- A criação de mecanismos de resolução extrajudicial de conflitos transnacionais, como Câmaras de Arbitragem bilateral;
- A regulamentação ambiental com impacto jurídico empresarial imediato, à luz da Lei nº 6.938/1981 (Política Nacional do Meio Ambiente) e acordos multilaterais ambientais.
Luís Montenegro também discursou no Congresso Nacional, reiterando o compromisso com a democracia representativa e o Estado de Direito — mensagens que deveriam fomentar reflexões profundas sobre os aspectos constitucionais e políticos que regem tratados internacionais celebrados pelo Brasil, conforme previsto nos artigos 49, I, e 84, VIII, da Constituição Federal.
Próximos passos e desafios jurídicos
A visita diplomática manifesta intenções políticas, mas sua efetividade dependerá das respostas jurídicas envolvendo harmonização normativa, jurisprudência internacional e cooperação institucional entre Ministérios Públicos e Cortes Superiores.
Para os profissionais do Direito, trata-se de uma oportunidade singular para atuação em temas transversais: Direito Econômico Internacional, Contratual, Societário, Tributário e Ambiental.
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Assinado: Memória Forense