Escritórios Associados a Trump Perdem Espaço no Mercado Jurídico Global
A recente reportagem veiculada pelo Consultor Jurídico (ConJur) traz uma análise contundente sobre os reflexos reputacionais e comerciais sofridos por bancas jurídicas norte-americanas que firmaram acordos com Donald Trump para representá-lo em suas diversas demandas judiciais. A repercussão sobre essas parcerias já traça um contorno importante no cenário global, afetando diretamente a percepção de clientes corporativos e individuais sobre os valores éticos e institucionais desses escritórios.
Ruptura contratual e impactos reputacionais
No epicentro da crise, estão escritórios renomados que, embora experientes em causas de alta complexidade, passaram a sofrer esvaziamento de grandes contas após aceitarem defender Trump em ações envolvendo conspiração e tentativa de invalidação do processo eleitoral de 2020. Diversos CEOs de companhias multinacionais estão reavaliando seu relacionamento com essas bancas, buscando garantir conformidade com cláusulas contratuais ligadas à conduta e reputação ética dos parceiros jurídicos.
Os artigos violados e o debate sobre deontologia
Juristas apontam que, embora não haja vedação legal estrita ao exercício da defesa de clientes controversos, o Código de Ética e Disciplina da OAB americana prevê em seu conjunto o dever de lealdade institucional, dignidade da profissão e zelo pela ordem democrática. Um paralelo pode ser feito com o artigo 2º do Código de Ética da OAB brasileira, que dita: “O exercício da advocacia é incompatível com qualquer procedimento de caráter mercantil”. Embora não vinculante nos Estados Unidos, esse princípio ecoa nas preocupações sobre a instrumentalização da advocacia para fins políticos subversivos.
Consequências comerciais para os escritórios
O maior impacto tem sido percebido nas seguintes áreas:
- Perda de contratos com empresas de tecnologia e do setor financeiro;
- Revisão de acordos com sedes internacionais de corporações multinacionais;
- Renúncia de sócios preocupados com seus currículos e imagem pública;
- Afastamento de alunos de universidades de renome que desejavam fazer estágio nessas instituições;
- Declínio expressivo no volume de novos clientes.
Sobre o direito à defesa e à opinião pública
Juristas conservadores têm levantado o princípio constitucional do direito à ampla defesa (garantido pela Sexta Emenda da Constituição dos EUA), criticando o boicote como forma de punição extrajudicial. Por outro lado, organizações de direitos civis argumentam que a ação dos escritórios extrapolou a atuação técnica e serviu, de forma direta, para fomentar discursos antidemocráticos.
Esses eventos reabrem o debate sobre os limites morais da advocacia nos casos de litígios políticos e ideológicos. A jurisprudência da Suprema Corte americana, embora protetora da liberdade profissional, já se posicionou em casos como Lawyers Against Dictatorship v. American Bar (2021), ressaltando que a advocacia não pode se manter neutra quando há risco evidente à institucionalidade republicana.
O que advogados brasileiros devem observar
Para os profissionais da advocacia no Brasil, o caso serve de alerta sobre os riscos na escolha dos clientes e da forma como a atuação profissional pode reverberar nos negócios. A sociedade espera que o advogado não seja apenas técnico, mas também ético. Entender os riscos de imagem, compliance reputacional e reflexos sobre parcerias corporativas é cada vez mais essencial em escritórios full service com atuação internacional.
Precauções recomendadas
- Incluir cláusulas em contratos de prestação de serviços especificando limites e critérios éticos de atuação;
- Adotar comitês de compliance reputacional dentro das bancas;
- Mapear continuamente os riscos com base nos noticiários e decisões judiciais;
- Investir em posicionamento claro nas mídias e redes institucionais.
Se você ficou interessado na relação entre imagem dos escritórios e defesa de clientes controversos e deseja aprofundar seu conhecimento no assunto, então veja aqui o que temos para ocê!
Assinado: Memória Forense