Irregularidade Administrativa Pode Configurar Crime: Especialistas Discutem Artigo 337-E do Código Penal

Irregularidade Administrativa Pode Configurar Crime: Especialistas Discutem Artigo 337-E do Código Penal

Uma recente análise jurídica vem ganhando destaque entre operadores do Direito, ao apontar como a contratação direta irregular na Administração Pública passou a ser não apenas um ato de improbidade, mas, em determinadas circunstâncias, pode configurar-se também como crime penal sob o prisma do artigo 337-E do Código Penal.

O que diz o artigo 337-E do Código Penal?

O artigo 337-E, inserido no Código Penal pela Lei nº 14.133/21 — a Nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos — define como crime a ação do agente público que, fora das hipóteses legais, deixa de realizar licitação ou promove contratação direta com irregularidades substanciais.

Segundo o dispositivo:

“Art. 337-E – Fraude à licitação: contratar diretamente fora das hipóteses previstas em lei ou, nos casos permitidos, deixar de observar exigências legais.”

Trata-se de um tipo penal com incidência objetiva e que exige análise qualificada do dolo específico. A linha tênue entre o ilícito administrativo, a improbidade e o crime penal requer interpretação rigorosa e contextualizada.

Implicações práticas para advogados e gestores públicos

Com base na interpretação doutrinária e em diversos precedentes jurisprudenciais, a contratação direta, quando fundamentada de forma inadequada ou carente de motivação legal, poderá ensejar responsabilização criminal.
Embora a irregularidade administrativa nem sempre configure crime, a ausência de requisito objetivo previsto na legislação pode aproximar a conduta da configuração típica do artigo 337-E.

Elementos que configuram o crime previsto no art. 337-E

  • Agente público ou autoridade contratante
  • Contratação direta fora das hipóteses legais
  • Eventual demonstração de dolo (consciência e vontade de burlar a legislação)
  • Prejuízo à Administração Pública como elemento indiciário relevante

Atenção redobrada nas dispensas e inexigibilidades

A aplicação prática do artigo 337-E exige cautela redobrada pelos advogados que orientam gestores públicos durante procedimentos de contratação direta. Mesmo em hipóteses autorizadas pela nova Lei de Licitações, o descumprimento das formalidades, da publicidade ou da justificativa de preços pode colocar os gestores sob risco de responsabilização criminal.

Nas palavras dos especialistas, a racionalidade processual deve ser conduzida sob os pilares da moralidade, eficiência e legalidade, como determina o artigo 37 da Constituição Federal.

Jurisprudência e construção interpretativa

Apesar da recente introdução do tipo penal, já se observa movimentação nos tribunais no tocante à análise do preenchimento típico e do dolo qualificado. Em tribuna, muitos defensores têm enfatizado o princípio da insignificância, a ausência de prejuízo efetivo ao erário e a carência de dolo como excludentes da tipicidade penal. No entanto, como o artigo é de natureza formal, ainda que não haja dano patrimonial, a conduta pode ser penalmente punível.

Decisões recentes das cortes estaduais e das câmaras criminais têm mostrado um posicionamento cauteloso, mas firme, ao responsabilizar gestores em hipóteses graves de burla processual.

Recomendações para a advocacia

  1. Realizar auditoria prévia nos contratos diretos
  2. Registrar justificativas técnicas e jurídicas em todos os atos
  3. Evitar contratações emergenciais sem respaldo documental sólido
  4. Fiscalizar os requisitos objetivos e subjetivos da exceção à licitação

Conclusão

Com a tipificação trazida pela Lei 14.133/21, a responsabilidade criminal do gestor público, antes vinculada à improbidade administrativa, torna-se mais direta e visível. O artigo 337-E representa um marco na forma como a lei penal passa a intervir nos contratos administrativos.

É dever da advocacia atentar-se às implicações dessa nova conformação legal, zelando pelo devido processo, pela legalidade e pela prevenção de condutas que possam ser interpretadas como ilícitas no âmbito penal.

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Por Memória Forense

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