STJ firma que crítica em rede social sem conteúdo ofensivo não gera dano moral

STJ firma que crítica em rede social sem conteúdo ofensivo não gera dano moral

Uma recente decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) trouxe importantes reflexões sobre os contornos e limites da liberdade de expressão nas redes sociais, especialmente no que tange à configuração de dano moral. Em julgamento proferido pela Terceira Turma (REsp 2.101.089/MG), o colegiado firmou entendimento de que a mera veiculação de opinião crítica, mesmo que incisiva, desde que não contenha elementos ofensivos ou caluniosos, não é apta a ensejar reparação por dano moral.

O caso examinado e a dinâmica da repercussão social

O autor da ação alegou ter sofrido abalo moral após ser mencionado pelo réu, em uma postagem pública no Facebook, por divergências relacionadas à administração de uma associação de bairro. A publicação, de teor crítico, insinuava uma suposta má conduta na gestão interna, mas sem imputar fatos criminosos ou inverídicos.

A instância originária julgou improcedente o pedido indenizatório, decisão essa confirmada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), que entendeu como mero aborrecimento o desconforto enfrentado pelo autor. O recurso ao STJ visava reformar tal entendimento, sob alegação de violação aos direitos da personalidade (artigos 186 e 927 do Código Civil).

Parâmetros jurídicos e aplicação prática

O relator, Ministro Marco Aurélio Bellizze, destacou que embora a liberdade de expressão não seja absoluta, sua limitação exige a demonstração inequívoca de que a crítica extrapolou o razoável, atingindo a honra, a imagem ou a dignidade alheia de maneira indevida. O julgado reforçou ainda a necessidade de se ponderar a dimensão pública das redes sociais com o direito à reputação individual.

Fundamentos e precedentes relevantes

  • Art. 5º, IV e X, da Constituição Federal: assegura a liberdade de manifestação e a inviolabilidade da honra.
  • Art. 186 do Código Civil: define o ato ilícito como aquele que causar dano a outrem, ainda que moral.
  • REsp 1592741/MG (STJ): aponta que a crítica pública, quando feita sem abuso, encontra proteção na liberdade de expressão.

O julgamento enfatizou que os tribunais devem manter uma postura equilibrada, a fim de evitar que o Judiciário se torne um instrumento de censura privada. A função crítica social das redes não pode ser neutralizada por suscetibilidades subjetivas, sob pena de enfraquecimento das liberdades fundamentais.

Reflexões para o meio jurídico

Para os profissionais da advocacia, a decisão serve como orientação objetiva aos litígios envolvendo conflitos entre direitos da personalidade e liberdade de opinião na esfera digital. É fundamental pleitear, em juízo, provas efetivas do alegado abalo, bem como demonstrar os limites ultrapassados pela manifestação ofensiva.

Além disso, observa-se o fortalecimento do entendimento de que os meros dissabores decorrentes da exposição pública não configuram, por si só, violação aos atributos da dignidade humana juridicamente indenizáveis.

Memória Forense

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